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O Rei, a Dama, o Valete, e a Casa Cheia (Full House)

O Rei, aborrecido por natureza, estava no seu trono a pensar na melhor maneira de passar o Verão quando irrompe, pela sala dentro, a sua Dama mais querida. Trazia paus na mão como se fosse acender o lume e o Rei, com medo que sobrasse para ele, desembainhou a espada preparando-se para o confronto.
A Dama emitia ruídos muito semelhantes à fala comum das pessoas mas com tanto pau a bater no chão o nosso Rei não percebia nada do que se estava a passar.
Mandou chamar Valete, esse nobre senhor que sabe mais de linguagem do coração que nenhum outro, para desvendar o mistério da Dama e dos seus paus.
Valete! – Disse o Rei, ainda de espada em riste – Se conseguires perceber o que se passa com a minha Dama cobrir-te-ei de Ouro.
Valete, puxou de todo o seu galanteio e arte do coração e dirige-se à Dama, que o esperava de pau na mão:
“Tu és mulher, mulher de palavra e meia
Não és capaz de te escravizar por uma algibeira cheia
Não és como essas cadelas que qualquer homem prende na trela
Não precisas de mostrar o corpo, a tua alma é mais bela
Pintura sem tutela, desejada por qualquer tela
Tenho o meu coração em branco à espera da tua chancela
Ele coroa-te rainha, agora chama-me para ser rei”
Alto e pára o baile – Interrompe o nosso Rei com a espada apontada ao lombo de Valete – O rei aqui sou eu e mais ninguém. Se queres ser Rei monta-te no ca…valo e procura uma mina de Ouro, que eu não te vou dar nada.
A Dama predilecta ao ver que a discussão entre o Rei e Valete ainda acabava por lhe partir o coração, larga os paus para o chão e grita a plenos pulmões:
O MEU PROBLEMA É QUE TENHO A CASA CHEIA DE PUTOS!!!
O Rei, ao ouvir o berro, atrapalha-se com a espada e trespassa o coração de Valete.
A Dama, ao ver o sangue que jorrava do peito do seu amado, atira-se ao primeiro pau que conseguiu apanhar e  parte para cima do rei, dando-lhe tantas pauladas quanto ele merecia.
É POR ESTAS E POR OUTRAS QUE NUNCA TERÁS UMA DAMA COM TANTO OURO COMO O VALETE TINHA!! – Gritava ela desalmadamente.
Por cada paulada que levava, o Rei dava um passo atrás, chegando à beira de uma janela e, num golpe de calcanhares, tropeça no parapeito, precipitando-se pela janela.
Ao ver isto, a nossa Dama, larga o pau e dá um passo atrás com as mãos na cara pensando no que tinha feito.
Ainda ela não tinha pensado tudo e o Rei deita uma mão, num último esforço para se salvar, ao saiote da Dama.
Vrump! Lá vão os dois pela janela. Batendo com estrondo no chão lá em baixo.
Abre-se a porta da sala ao lado e entram animadas 5 putos, dois com 2 anos e três com 5. Eram filhos dos três agora falecidos.
Era deles que a Dama se queixava quando falava em Casa Cheia.